Dérek Bittencourt
derekbittencourt@dgabc.com.br
@dekones
Sebastian Vettel, praticamente de ponta a ponta, venceu com sobra o Grande Prêmio do Bahrein, na manhã deste domingo. Com um equipamento bastante equilibrado e estratégia acertada, o alemão da Red Bull assumiu a liderança na terceira volta e praticamente não mais largou. Assim, abriu dez pontos de vantagem sobre Kimi Raikkonen na primeira posição do Mundial de Pilotos (77 a 67) e se mostra um forte concorrente ao tetracampeonato.
Completaram o pódio os dois pilotos da Lotus: justamente o vice-líder do campeonato Raikkonen, em segundo, e o constante Romain Grosejan, em terceiro. A dupla foi fundamental para que a escuderia ultrapassasse a Ferrari no Mundial dos Construtores: 93 a 77 - a líder, com folga, é a Red Bull, que soma 109.
A Ferrari teve uma corrida para esquecer. Alonso teve problemas na asa móvel e após prova de recuperação, mesmo sem poder se utilizar do benefício que a abertura da asa trás nas ultrapassagens, ainda chegou na oitava colocação. Já Felipe Massa sofreu com dois pneus furados em momentos distintos e com desempenho muito ruim nas últimas voltas, completou apenas na 15ª colocação.
Por outro lado, vale destacar a corrida feita pelo escocês Paul di Resta, que levou a Force India valentemente e competentemente à quarta posição, pilotando em alto nível do início ao fim, e pelo mexicano Sérgio Perez, que lutou por posições até a última volta - inclusive com o companheiro Jenson Button - para chegar na sexta posição, com uma McLaren que ainda parece ter como evoluir.
Quem teve de se conformar com erro de estratégia foi o pole position Nico Rosberg. O da Mercedes realizou quatro pit stops - um ou dois a mais que os principais rivais - e chegou apenas em nono, quatro posições atrás de Lewis Hamilton, que pouco apareceu na corrida, mas com bom desempenho no fim ainda apareceu em quinto.
Agora, a Fórmula 1 tem três semanas de intervalo, quando dá a largada à temporada europeia da categoria. O desafio inicial será no Grande Prêmio da Espanha, nos dias 11 e 12 de maio, no qual equipes como McLaren e Williams já anunciaram que terão novidades e prometem melhorias.
CORRIDA
Sebastian Vettel largou mal. Ainda na primeira curva, foi superado por Fernando Alonso, mas três curvas depois retomou a vice-liderança. Mais que isso: bastaram mais três voltas para o alemão da Red Bull tomar de Nico Rosberg a liderança do Grande Prêmio do Bahrein. E, a partir de então, só abriu mais e mais vantagem sobre os rivais, contou com brigas internas e alguns problemas de adversários diretos para ficar cada vez mais confortável na ponta da corrida - perdeu a posição apenas no primeiro pit stop, mas reassumir a posição foi questão de tempo. Daí para adiante, praticamente não se prestou mais atenção no tricampeão, afinal apenas negociava com seus retardatários. A prova, então, passou a ser do segundo colocado para trás.
Com bom acerto no carro, Fernando Alonso - que não demorou a superar Rosberg - parecia o principal candidato a brigar pela primeira posição. Mas um problema em sua asa móvel, que não mais fechava após ser acionada, logo na oitava volta, obrigou o espanhol a duas paradas seguidas para tentar corrigir o problema. Felipe Massa, em estratégia diferente dos demais, ainda suportava bem com seus pneus duros, brigando pela quarta posição - foi ultrapassado por Paul di Resta na largada. Mas quando esperava-se que o brasileiro faria uma primeira perna mais longa antes do primeiro pit stop, ele realizou a primeira troca na 11ª volta, junto de Perez, Hamilton e Maldonado.
Até então coadjuvantes, os carros da Lotus passaram cada vez mais a ganhar destaque. Utilizando de tática semelhante a que fora abandonada pela Ferrari e por Felipe Massa, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean passaram a figurar entre os primeiros colocados. Paul di Resta foi outro a prolongar o tempo na pista e ganhou terreno. Já as McLarens de Jenson Button e Sérgio Perez, até então sumidas na temporada, resolveram aparecer. E em grande estilo. Os dois se tocaram ao menos três vezes, o inglês reclamou da atitude mais agressiva do mexicano, o jogou para fora da pista, mas após manobra da escuderia britânica, a partir de certo momento não mais se encontraram - com vantagem a Perez.
Felipe Massa, que fazia até então corrida bastante burocrática, visando possível pódio, foi premiado: teve o pneu traseiro direito furado por duas vezes. Na primeira delas, perdeu muito tempo e caiu ao pelotão intermediário. Na segunda, próximo aos boxes, conseguiu rapidamente efetuar a troca, mas já era tarde para pensar em um ponto que fosse.
Raikkonen e Grosjean mostraram o quão acertado é o carro da Lotus, com o menor desgaste de pneus entre os ponteiros. Assim, o finlandês assumiu a segunda posição e o francês, após boa ultrapassagem sobre di Resta, pulou para a terceira, subindo os dois ao pódio - junto de Vettel, que de tão soberano resolveu voltar os holofotes para si na 55ª volta e cravou a marca mais rápida da prova.
Um pouco mais para trás, seu companheiro de Red Bull, Mark Webber, em corrida bastante regular - no seu 200º GP -, tinha a quinta posição até a última volta, mas acabou superado por outro piloto a efetuar prova linear, Lewis Hamilton, e o valente Sérgio Perez, que completou na sexta posição. O australiano só não perdeu a sétima posição a Fernando Alonso, que teve impressionante recuperação, porque não teve tempo e espaço suficiente para isso.
Ainda ficaram na zona de pontuação o alemão e pole position Nico Rosberg, que lutou muito, protagonizou grandes momentos e brigas por posição, mas teve de efetuar uma quarta parada que o derrubou. Jenson Button, não muito feliz em ver o companheiro chegar em sexto, fechou o top10.
E Felipe Massa? Bem, após quatro paradas e uma queda brusca de rendimento nas últimas voltas, perdeu posições para Pastor Maldonado, Nico Hulkenberg, Adrian Suttil (com quem se tocara na primeira curva) e Valtteri Bottas, completando a corrida barenita apenas na frustrante 15ª posição.
Classificação final do Grande Prêmio do Bahrein:
1º Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault) - 57 voltas
2º Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) - a 9s1
3º Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) - a 19s5
4º Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) - a 21s7
5º Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 35s2
6º Sergio Pérez (MEX/McLaren-Mercedes) - a 35s9
7º Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault) - a 37s2
8º Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 37s5
9º Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a 41s1
10º Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - a 46s6
11º Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) - a 1min06s4
12º Nico Hulkenberg (ALE/Sauber-Ferrari) - a 1min12s9
13º Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes) - a 1min16s7
14º Valtteri Bottas (FIN/Williams-Renault) - a 1min21s5
15º Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 1min26s3
16º Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari) a 1 volta
17º Charles Pic (FRA/Caterham-Renault) a 1 volta
18º Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber-Ferrari) a 1 volta
19º Jules Bianchi (FRA/Marussia-Cosworth) a 1 volta
20º Max Chilton (ING/Marussia-Cosworth) a 1 volta
21º Giedo van der Garde (HOL/Caterham-Renault) a 2 voltas
Não completou:
Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari) - problema mecânico (18ª volta)